terça-feira, 26 de outubro de 2010

Smile


É você o culpado do meu sorriso todos os dias.
Aquele sorriso enorme de engolir as orelhas que me invade não só o rosto, mas a alma todos os finais de semana quando você vem me visitar.
Aquele sorriso bobo de fim de tarde, sabor nostalgia com algumas gotas de saudade, que me pega de jeito quando estou distraída.
Aquele sorriso sabor algodão-doce que a sua cara de sono provoca em mim.
Aquele sorriso cara lisa que deixo escapar quando você está bravo, que por sinal,  serve pra fazer você desamarrar a cara (nem que seja só um pouco).
Aquele sorriso que o seu abraço apertado arranca de mim, um sorriso que você nunca vê, mas sempre sente.
Aquele sorriso besta que eu dô todas as vezes em que as mensagens de texto têm gosto de madrugada ou quando o visor do meu celular me avisa que foi você quem me tirou daquele pesadelo pra me dizer que não consegue dormir.
Aquele sorriso pós-beijo, que eu não consigo evitar, e que tem cor amora e sabor vermelho-pimenta.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Falha na comunicação


Ele não se sentia bem com o eu-falante dela, pois parecia ter vida própria. ligava e desligava a seu modo, muitas vezes sem se importar se estava sendo demasiado estridente ou inconveniente. dava vontade e ela simplesmente falava. falava tudo, punha tudo pra fora, de uma só vez. falava de cores, sons, tons, nuvens e ruídos dos quais ele não fazia a mínima ideia. e por isso as cores eram opacas, sem brilho, a melodia descompassada, e as nuvens não eram do tipo cirrus - formato delicado e sedoso - eram cumulonimbus - grandes e cinzas, nuvens de trovoada. pena ele não conseguir ver que são os tons acinzentados que te acolhem quando há tristeza, não conseguir achar o ritmo no descompasso e não perceber que são as nuvens cinzas e pesadas as que choram junto contigo e te confortam naquele fim de tarde chuvoso.
Mas a verdade é que ele só não gostava de seu eu-falante porque nunca havia provado do desassossego provocado pelo silêncio ensurdecedor dela.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Propriedades do amor...


 O amor é como o urânio: sólido (à temperatura ambiente), utilizado como combustível (pois te dá forças pra mover céus e terras, enfrentar vilões, dragões e todo tipo de intempéries), utilizado em fotografias (é como diz no provérbio: - o coração alegre aformoseia o rosto), por fissão libera grande quantidade de energia, mas quando fundido pode causar uma catástrofe de proporções inimagináveis, passado alguns tempos de meia-vida decai-se a massa radioativa, dando impressão de finitude - mera distração - pois a massa do elemento continua lá, intacta!